Agora pede-me, com aquele olhar terno, para que eu venha.
No tom sente-se a questão que não é capaz de colocar directamente: "porque vens tão poucas vezes?"
Não pergunta, mas consegue dizer tantas coisas que juntando vai lá dar.
Entendo-a e também gostaria de ir mais vezes, como quem quer estar com o novo amor todos os dias. Sim. Pelos pais também se sente essa vontade louca de estar junto. A distância dá o seu contributo às relações que outrora foram difíceis.
"Não posso", respondo a contra-gosto.
É estranho dizer "não posso", mas foi ela quem criou essa independência, esse sentido de responsabilidade, de pessoa ocupada que leva tudo até onde pode, porque até ao fim... não sei o que é até ao fim e parece muito definitivo.
Mas hoje quem quer o colo é ela. Procura-o de uma maneira muito torpe, difícil de decifrar, contudo possível.