Estás ao e ela muito rapidamente te diz:
- Já pensaste que isso pode ser doença?
Tu incrédula só consegues um e pensas para ti: "what a hell!!!"
E, insatisfeita, ela insiste:
- Isso é doença
E tu sem possível resposta abanas a cabeça e largas o telemóvel.
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Passam uns minutos e o volta a tocar. Outra mensagem. Lês, respondes e apagas. Ela está ao lado atenta, com aquele ar preocupado de quem tem que internar a filha o quanto antes ou enfiá-la numa pia baptismal para expurgar todos os demónios.
Já nem sabes se ris ou gritas e pedes para se concentrar. Não podes fazer nem uma coisa nem outra, seria uma afronta de todo o tamanho.
Então olhas para ela como que autorizando para que fale o que bem lhe apetecer e ela dispara:
- Mas desculpa lá, com quem é que tu falas tanto?
Respondes por mera generosidade. A esta altura ela deve pensar que fazes algum tipo de tráfico. O melhor é desfazer o equívoco.
- Com uma amiga - respondes.
E o semblante dela muda. Não parece ter ficado satisfeita. Aliás tem todo o ar de quem não acredita e ao mesmo tempo de desilusão. Afinal o que ela queria ouvir era o nome de um ser masculino.
Mas não queria ouvi-lo para ter a certeza de que a sua filha gosta de meninos, mas para poder tema de conversa e fustigar ainda mais. Porque decerto uma menina que troca tantas mensagens com um rapaz não se está a dar ao respeito.
Vai se lá saber o que para ali vai naquelas mensagens, que tipo de propostas! E o bom nome da família?
Mas isso não passa da sua imaginação fértil e da imensa vontade de ter voto na matéria e em todas as matérias. Estavas só a trocar mensagens com uma amiga... que desfeita!